segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Índice Glicêmico dos alimentos - O que engorda mais: 100 calorias de arroz branco ou 100 calorias de massa?

O que engorda mais: 100 calorias de arroz branco ou 100 calorias de massa?

Alimentos contendo carboidratos variam no que diz respeito aos seus efeitos na glicose pós-prandial (níveis de glicose no sangue após a ingestão do alimento) e na sua resposta à insulina. Essas diferenças são quantificadas pelo índice glicêmico (IG) dos alimentos. É muito provável que este índice venha, no futuro, aparecer nos rótulos de alimentos ou até mesmo substituir as famosas calorias. Na Austrália e América do Norte a inclusão do IG dos alimentos, nas embalagens já está em fase de aprovação.
Alguns benefícios da dieta com baixo IG já têm sido demonstrados a longo prazo. Estas dietas levam a uma melhora nos níveis de colesterol e triglicerídeos. Em diabéticos há uma melhora no controle glicêmico (nível de glicose no sangue). Uma publicação científica demonstrou que há comprovação de que a dieta com baixo IG aumenta a saciedade, isto é diminui a sensação de fome. Além disso, há uma suposição de que alimentar-se com alimentos que tenham elevado IG está associado ao aumento dos níveis de insulina e risco de desenvolver Diabetes Mellitus (DM).
Um estudo publicado no”Journal of the National Cancer Institute” sugere que dietas com elevado IG podem aumentar o risco de câncer coloretal . No entanto, como tudo em medicina, existe a necessidade de estudos maiores para comprovar esta associação.
Uma maneira simples de explicar o índice glicêmico dos alimentos seria dizer que quanto mais rápida for a conversão do carboidrato em glicose, maior será seu IG e, conseqüentemente, maior será o pico de insulina pós-refeição. A insulina é o hormônio que faz o transporte da glicose sanguínea para dentro da célula. Logo, se este processo for muito rápido, a glicose excedente se transformará em gordura, ao passo que, se for lento, a glicose vai ingressando na célula numa velocidade em que também vai sendo consumida - ao invés de virar gordura.
O IG dos alimentos varia, não apenas conforme a sua qualidade, mas também de acordo com sua forma de preparo e com a combinação de alimentos que são consumidos em uma mesma refeição. Sabemos que o IG do purê de batata, por exemplo, é maior do que o IG da batata cozida. Isto porque o purê tem uma absorção mais rápida. Também se a refeição completa tiver mais fibras diminuirá o IG dos alimentos consumidos, pelo mesmo mecanismo justificado acima.
Portanto, 100 calorias de arroz branco engordam mais do que 100 calorias de massa. A massa tem uma digestão mais lenta, transforma-se em glicose gradualmente, fazendo com que o pâncreas libere insulina lentamente. Logo tem um IG menor.
Na dúvida, e como ainda existem alimentos que não se conhece exatamente o IG, sempre devemos optar por produtos menos industrializados e com mais fibras. Preferir, por exemplo: arroz integral ao invés do arroz branco, pão integral no lugar do pão francês. São dicas fáceis que diminuem o IG da dieta.








O Índice Glicêmico é um novo caminho que vem sendo explorado e que num futuro próximo, acredita-se, terá uma importância muito maior do que simplesmente sabermos quantas calorias um alimento contêm. Conhecer detalhes, pormenores do que podemos ou não ingerir não diz respeito apenas à estética, mas principalmente aos efeitos adversos da má ingestão de alimentos que podem levar ao sobrepeso e obesidade e, com isso, levar a doenças cuja obesidade é um fator de risco estabelecido, tais como diabetes, hipertensão, alterações do colesterol e triglicérides, doença coronariana, acidente vascular cerebral (AVC), câncer de mama, endométrio, vesícula, cólon e próstata, entre outras.
Todas as armas, antigas, novas e que ainda estão por serem inventadas devem fazer parte do nosso arsenal de conhecimento em prol da saúde e da vida digna das pessoas. O uso do Índice Glicêmico como instrumento, como arma para conhecermos melhor os alimentos e seus efeitos sobre o homem é vital no sentido de contribuir para uma melhor qualidade de vida.



Graciele Tombini
Médica Endocrinologista Especialista pela Fundaçao Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre ( FFFCMPA )Titulada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia